sexta-feira, 15 de abril de 2011


Lágrimas Ocultas (Florbela Espanca)

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que rí e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

GAMEL

Gamel é uma cidade provinciana, pacata, cheia de magias e encantos. Ao transitar por suas ruas é possível ouvir o canto dos passarinhos que parece ditar o ritmo das crianças que passeiam de bicicleta e se divertem em piqueniques debaixo das belas árvores que compõe o quadro que a natureza desenhara.
As pessoas são recatadas, mas mantém o hábito de sentar com suas famílias nas calçadas de suas casas, para um dedinho de prosa nos fins de tarde, observando o belo e romântico pôr-do-sol, com tons alaranjados que se sobrepõe. À noite, com o ar fresquinho, o céu estrelado e enluarado, os jovens enamorados se juntam para desfrutar de um cenário belíssimo e romântico.
Quando chegam as tão esperadas chuvas, as esperanças se renovam ver-se brotar do chão um verde que embeleza ainda mais a cidade e suas caatingas, que se veste com as flores de Caroá. Os lagos com suas águas cristalinas transbordam e se cruzam formando um imenso e maravilhoso mar, um grande espetáculo, visto e desfrutado por todos, nas tardes ensolaradas de domingo.
Com certeza, Gamel é o destino daquelas pessoas que gostam de tranqüilidade e simplicidade. É uma cidade onde as pessoas sabem viver, e bem.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007


Voltar no tempo




Ah! Gameleira

Lugar que me criei

Quantas saudades tenho

Dos bons tempos que aqui passei



Me recordo

Dos passeios de bicicleta

Que fazíamos pelas tuas ruas

Tão calmas e desertas



E quantos pique – niques

E muitas brincadeiras

Nós fizemos debaixo

Da bela gameleira



Uma gameleira gigante

Que compunha a paisagem

E que infelizmente

Uma ingrata ventania a derrubou

Deixando um enorme vazio

no quadro que a natureza desenhou



Teus galhos verdes e frondosos

Dando sombra aos passarinhos

Será minha eterna lembrança

Com saudade e carinho



O que eu gostaria,

É de poder voltar no tempo

E reviver a minha infância

E poder cantar ciranda

Junto com as mesmas crianças

E fazer o que eu não fiz

Só...mais uma vez

e ser feliz.

(Graciene Ribeiro Moreira)